“A empresa sustentável ouve e adota os interesses de seus diferentes públicos”

“A empresa sustentável ouve e adota os interesses de seus diferentes públicos”
por Fátima Lima*

Já faz algum tempo que o conceito de sustentabilidade deixou de ser apenas um modismo para consolidar-se como o mais importante desafio global para empresas, governos e sociedade. Se antes bastava às companhias respeitar as leis, gerar empregos, pagar impostos e observar as normas de saúde e segurança para os seus colaboradores, hoje o cenário é bem diferente.

O sucesso das organizações depende agora de uma nova forma de pensar e de gerir o negócio, uma vez que os resultados econômicos estão cada vez mais atrelados aos impactos ambientais e sociais causados por suas decisões e ações. Por isso, é preciso ir além. Hoje, a exigência é que as empresas contribuam para uma sociedade mais igualitária.

Na prática, isso significa que aquelas que não se ajustarem, adotando práticas sustentáveis em todos os níveis, terão cada vez menos espaço em um mercado em que a cobrança por ética, transparência e comprometimento aumenta dia a dia.
E o primeiro passo para isso é entender que sustentabilidade não é um conceito relacionado apenas a questões ambientais e sociais.

Por isso, é fundamental que a liderança tenha consciência da importância desse tema para o futuro do negócio e inclua a sustentabilidade na pauta estratégica da empresa.
Quando falamos em sustentabilidade, envolvemos muitos outros aspectos, como os riscos envolvidos no negócio, a felicidade e a qualidade de vida das pessoas, o viés cultural, a materialidade dentro dos capitais da empresa, entre outros.

A amplitude do conceito de sustentabilidade abrange ainda características específicas de determinados segmentos. No mercado segurador, por exemplo, envolve a maneira como a companhia trata dos riscos inerentes ao seu negócio. O negócio principal de uma seguradora é gerenciar e assumir riscos. E reduzir estes riscos, compartilhando com todos os envolvidos novas formas de prevenção e proteção, é uma atitude sustentável que deve ser perseguida pela empresa.

Outro ponto fundamental é que a sustentabilidade também deve fazer parte da gestão estratégica e da tomada de decisões, assim como o diálogo e a geração de valor com todos os stakeholders. As organizações precisam estar comprometidas em oferecer produtos e serviços de qualidade, estreitando cada vez mais o relacionamento com todos os seus públicos de interesse, procurando suprir suas necessidades e garantindo, dessa forma, a geração de valores compartilhados, tanto para o cliente como para o negócio.

fatima-lima.jpgUma empresa sustentável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses de diferentes públicos e consegue incorporá-los ao planejamento de sua estratégia e de suas atividades diárias, buscando atender às suas demandas. É uma organização que, independente do seu porte, zela pela qualidade ética e transparente das relações com os públicos de interesse; incorpora interesses legítimos das partes interessadas em seus planos estratégicos; considera o impacto de suas ações no meio ambiente e identifica estratégias para reduzi-los; e, principalmente, assume um posicionamento estratégico e não apenas uma postura legal ou puramente filantrópica.

Encontrar esse ponto de equilíbrio, que permita à empresa atender às demandas do negócio e ao mesmo tempo gerar valor para todos os seus stakeholders (acionistas, clientes, fornecedores, parceiros, sociedade e comunidade) é o caminho para uma atuação sustentável.

A sustentabilidade é realmente um caminho sem volta e, cada vez mais, as organizações têm a responsabilidade de adotar uma posição de vanguarda, atuando como disseminadoras de informação, inspirando e incentivando a mudança de atitude entre seus stakeholders.

Pensar em sustentabilidade é gerar lucro pensando nas gerações futuras. Temos que entender que isso é possível. É totalmente viável fazer negócio de uma maneira sustentável, engajando todos os participantes da cadeia, de modo que o entendimento e a atitude se disseminem aos poucos entre os ciclos de relacionamento de cada empresa.

* Fátima Lima é Presidente do Comitê de Sustentabilidade da Cámara Espanhola de Comércio en Brasil e Diretora de Sustentabilidade do GRUPO BBMAPFRE.

** Publicado originalmente no site EcoD.

(EcoD)