Dois grupos independentes de pesquisadores apresentaram nesta semana resultados semelhantes, e preocupantes, sobre o degelo da Antártica: boa parte da camada de gelo do continente está derretendo e não há mais como fazer com que esse processo seja interrompido.
Quando todo esse gelo, cerca de 182 mil quilômetros quadrados, chegar ao oceano, o que deve levar dois séculos, o nível do mar subirá pelo menos três metros, o suficiente para alterar de forma dramática a linha costeira do planeta.
“Um grande setor da Antártica Ocidental está em um estado de irreversível derretimento. É tudo uma questão de física agora para saber quanto tempo o gelo levará para escoar para o oceano”, afirmou Eric Rignot, pesquisador da NASA e autor de um dos estudos.
“Isto está realmente acontecendo”, completou Thomas P. Wagner, também da NASA.
“O próximo estágio estável para o gelo da Antártica Ocidental é provavelmente não ser mais gelo…”, alertou Ian Joughin, autor do outro estudo e glaciologista da Universidade de Washington.
Os dois trabalhos foram publicados em periódicos renomados, a Science e o Geophysical Research Letters, e utilizaram métodos diferentes para analisar o degelo da Antártica.
O estudo da NASA realizou observações durante 40 anos, medindo o fluxo de gelo para os oceanos muitas vezes com a presença de pesquisadores no local .
Já o trabalho comandado por Joughin utilizou medições por satélites e modelagens climáticas para avaliar o derretimento.
A conclusão, no entanto, é a mesma: boa parte dos 182 mil quilômetros quadrados de gelo na Antártica Ocidental deve desaparecer, elevando o nível dos oceanos nos próximos séculos.
Nenhum dos dois grupos de pesquisadores procurou provar que existe uma ligação entre o degelo e o aquecimento global, mas Rignot deixou claro:
“Nós realmente acreditamos que esse processo está relacionado com o aquecimento do planeta.”
Veja os estudos:
* Publicado originalmente no site Carbonobrasil.
(CarbonoBrasil)