Apesar do que muito se diz sobre o sistema de castas na Índia, atualmente, especialmente em grandes centros, essa separação social tende a se dissolver. Ainda mais em tempos “sem fronteiras”, em que a o país sul-asiático dialoga com diversas outras culturas, essa tradição só é notável mesmo em zonas rurais ou pequenas vilas. E se ocorre em cidades populosas, é de maneira mais velada.
Desde que cheguei, procurei me informar com meus amigos e colegas de trabalho indianos e todos me respondiam com um ar meio indiferente. “Ah, isso é passado”, comentavam. De um modo geral, o regime de castas ainda existe como uma convenção social, especialmente em pequenas cidades, apesar de ter sido legalmente banido pela Constituição de 1947.
É complicado citar todas as castas, pois são inúmeras e nem mesmo os indianos as conhecem por completo. Basicamente, o sistema se divide em quatro grupos e todos são derivados de Brahma, o primeiro da tríade hindu (ao lado de Vishnu e Shiva) e associado com a criação do universo. No topo, estão os Brahmins, letrados e originários da cabeça da entidade.
Em seguida, vêm os Kshatriyas, guerreiros e derivados dos braços do deus. No terceiro posto, estão os Vaishyas, que nasceram de suas pernas. Na base, os Shudras (servos ou camponeses) foram gerados a partir dos pés de Brahma. As outras e muitas castas dissidem desse guarda-chuva e os que não pertencem aos grupos estabelecidos (out-casted) são chamados de dalits, intocáveis ou harijan (termo menos excludente, que significa “filho de deus”, estabelecido por Gandhi).
É óbvio que o regime não se resume a essa fórmula de bolo e tem diversas implicações. Inclusive, por mais discriminatório que possa parecer aos olhos ocidentais, é delicado apontar o dedo e julgar, afinal, mesmo não estando oficialmente em vigor, o sistema de castas é uma organização social de um país inteiro – e estamos falando de 1.2 bilhões de pessoas. De acordo com o documentário “The story of India” (BBC), foi implementado quando os arianos chegaram ao subcontinente indiano, ou seja, há aproximadamente dois mil anos antes do calendário cristão.
Vivendo há quase sete meses em Bangalore, uma cidade com cerca de nove milhões de habitantes, pude notar que a divisão existe extra oficialmente, mas não impede ou delimita nenhum tipo de sociabilidade e nem mesmo ascensão profissional. Inclusive, algumas universidades possuem esquema de cotas para dalits, mostrando o quanto há uma política inclusiva. Além do mais, é impossível traçar uma conclusão decisiva sobre a Índia, uma nação tão imensa e diversa.
Tags:Aiesec, Índia, Bangalore, Mundo Bão, sistema de castas
Desde que cheguei, procurei me informar com meus amigos e colegas de trabalho indianos e todos me respondiam com um ar meio indiferente. “Ah, isso é passado”, comentavam. De um modo geral, o regime de castas ainda existe como uma convenção social, especialmente em pequenas cidades, apesar de ter sido legalmente banido pela Constituição de 1947.
É complicado citar todas as castas, pois são inúmeras e nem mesmo os indianos as conhecem por completo. Basicamente, o sistema se divide em quatro grupos e todos são derivados de Brahma, o primeiro da tríade hindu (ao lado de Vishnu e Shiva) e associado com a criação do universo. No topo, estão os Brahmins, letrados e originários da cabeça da entidade.
Em seguida, vêm os Kshatriyas, guerreiros e derivados dos braços do deus. No terceiro posto, estão os Vaishyas, que nasceram de suas pernas. Na base, os Shudras (servos ou camponeses) foram gerados a partir dos pés de Brahma. As outras e muitas castas dissidem desse guarda-chuva e os que não pertencem aos grupos estabelecidos (out-casted) são chamados de dalits, intocáveis ou harijan (termo menos excludente, que significa “filho de deus”, estabelecido por Gandhi).
É óbvio que o regime não se resume a essa fórmula de bolo e tem diversas implicações. Inclusive, por mais discriminatório que possa parecer aos olhos ocidentais, é delicado apontar o dedo e julgar, afinal, mesmo não estando oficialmente em vigor, o sistema de castas é uma organização social de um país inteiro – e estamos falando de 1.2 bilhões de pessoas. De acordo com o documentário “The story of India” (BBC), foi implementado quando os arianos chegaram ao subcontinente indiano, ou seja, há aproximadamente dois mil anos antes do calendário cristão.
Vivendo há quase sete meses em Bangalore, uma cidade com cerca de nove milhões de habitantes, pude notar que a divisão existe extra oficialmente, mas não impede ou delimita nenhum tipo de sociabilidade e nem mesmo ascensão profissional. Inclusive, algumas universidades possuem esquema de cotas para dalits, mostrando o quanto há uma política inclusiva. Além do mais, é impossível traçar uma conclusão decisiva sobre a Índia, uma nação tão imensa e diversa.
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