No dia seis de Março de 1940, nascia em Divino-Minas gerais a pequena menina Zuleica. Nome escolhido por sua avó madrinha Antonia.
ORIGEM DO NOME ZULEICA
Qual a origem do nome Zuleica: ÁRABE
SIGNIFICADO DE ZULEICA
Qual o significado do nome Zuleica: ROLIÇA, GORDA.
Primeira menina depois de quatro meninos.
Uma infância simples, bem pobre, mas cheia de aventuras, trabalhos e muitas brincadeiras...
A menina foi crescendo cheia de sonhos e generosidades...
Nesta foto: Joaquim em pé a esquerda, Jeny, Leozina, Mahildes, Antoniete, no meio Zuleica, ao lada direito Valdir, Milton batendo continência, Cléber em baixo, sentados Messias, Martha e Celeste...
Nesta foto estão... * Minha mãe Zuleica disse que em pé a esquerda é a tia Antonieta, ao lado Maria de Lurdes Brandão, a terceira é a mãe dela Leozina....Em baixo a esquerda o irmão dela Milton batendo continência, ao lado a Martha Brandão com um bebê no colo, a pequena é ela olhando pro bebê, atrás Mahildes, Jeny, Celeste, o irmão dela José Xavier de Souza, os outros não reconheceu....
Depois de alguns anos vivendo em Divino se mudaram para Carangola, onde passou sua infância e adolescência...Nesta época os filhos nasciam em casa, ela conheceu as parteiras dela e de seus irmãos... E todos os irmãos que nasciam ela ajudava a cuidar... No Divino a parteira chamava-se Madrinha Isidora e em Carangola. A parteira era uma vizinha dona Gabriela.
Seu pai Joaquim era jardineiro e sanfoneiro. Trabalhava na prefeitura e sua filha tinha acesso livre nos jardins que ele cuidava. Assim Zuleica colhia e doava as flores...
Joaquim seu pai!
Seu tio Hylbernon Brandão sempre por perto, com sua mãe madrinha Antônia, assim a chamavam! Zuleica sempre que podia ficava com sua avó que morava com a filha Antonieta, cuidava dela, dos cabelos, do cachimbo, se davam bem, muito amor e carinho...
E assim a Zuleica começou a colher as flores todos os dias e dava as vizinhas... Levava pra as festas...
Levava para as missas aos Domingos... E os almoços eram em sua casa, parentes vinham de longe para a missa e se encontravam aos Domingos... Se sentido privilegiada, pois só ela podia pegar as flores, sentava na cadeira verde moldada pelo pai... Topiaria: A arte de esculpir no verde.
Sempre que morria alguém na vizinhança lá ia ela colher mais flores para levá-las com carinho na despedida deles... E ela levava as flores... Nesta época era comum as crianças irem a velórios e enterros. Já aprendiam desde cedo o ciclo natural da vida de todos os seres vivos, humanos, animais e vegetais... Na infância adora colher frutas do pé, subia na mangueira com faca e um pratinho de sal, para comer manga verde... Na casa da sua tia Dorvalina irmã do seu pai tinham muitos pés de tangerinas, sempre que ia lá voltava com o vestido cheios de tangerinas... No jardim da prefeitura tinha tamarindo, ela adorava colher ...
A menina crescia... Quando foi para a escola, no Grupo escolar Melo Viana onde sempre levava flores com muita satisfação para a professora... E depois no colégio Benedito Valadares... Neste tempo usava uma linda trança e fita no cabelo... Estudava neste mesmo colégio meu pai Edmar, que um dia puxou sua trança e disse _ Um dia vou casar com você!!! E ela respondeu _ Vou mandar meus irmãos te pegarem... E riu dele... Estudou até a quinta série de admissão... Mas teve que parar de estudar, pois seu pai dizia que mulher não precisava estudar, tinha que trabalhar em casa e logo casar... Mas tinha um sonho de ser psicóloga...
Desde pequena sempre ativa e interessada em ajudar a sua mãe Leozina nas tarefas de casa, ela a mãe lavavam roupas de várias famílias no rio, passavam com ferro de brasas e cantavam nestes momentos ...
Aprendeu a cozinhar bem pequena aos 7 anos, tinha que colocar um caixote no fogão de lenha para alcançar as panelas... Sua mãe era uma boa cozinheira, faziam doces, compotas, linguiças que ficavam em cima do fogão... Na hora do lanche era só pegar a linguiça assar na brasa e colocar no pão quentinho... Nas festa Juninas eram um festival de gostosuras... Sempre tinham fogueiras e muita cantoria... O irmão mais velho o José aprendeu a tocar Acordeon, assim completava a festa seu pai no oito baixos e ele no acordeon...Os outros vozes, colheres e o que mais desse um bom som...
Uma dia quase se afogou quando lavava as roupas, a bacia de alumínio foi levada pela água e ela foi atrás, quando viu estavam ela e a bacia dentro de um redemoinho, alcançou uns bambus que estavam na margem e assim conseguiu sair sozinha...
Em outro dia de trabalho mais um susto, ela lavava as roupas sozinha na bera do rio em cima de uma pedra tranquila cantado e quando viu apareceu uma cobra nadando, ainda bem deu tempo de correr muito...
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Depois do nascimento de oito irmãos. O José, o Valdir, o Milton, o Messias,a ZULEICA, o Cléber, o Ademiro, o Pedro, o Getúlio... Todos os filhos tinham suas tarefas diárias, buscar lenha, vender salgadinhos e só depois jogar bola no campinho... chegou mais uma menina, que logo que saiu da barriga da minha Avó Leozina foi dada a Zuleica para cuidar, ela tirou os brincos das suas orelhas e os deu para a irmãzinha Maria de Lourdes... Cresceram muito amigas... Onde uma estava, a outra estava junto...
Depois da Lurdinha assim chamada até hoje, nasceram mais duas meninas, a Lucélia, que já andando foi mexer num vaso de plantas de comigo ninguém pode que ficava na varanda de casa e colocou na boca, passou muito mal e morreu nos braços da irmã Zuleica... A outra menina foi a Maria Lucia, teve difteria. (
A difteria ou crupe é uma doença infectocontagiosa causada pela toxina do bacilo Corynebacterium diphteriae, que provoca inflamação e lesão em partes das vias respiratórias (amígdalas, faringe, laringe, traqueia, brônquios, nariz) e, às vezes, da pele. A mortalidade total é de 5-10%, subindo para 20% em crianças pequenas e adultos com mais de 40.) E não resistiu....
A menina crescia... Era responsável em fazer as compras no armazém, que esteve com escassez de alimentos, tudo em pequenas porções por pessoas, período pós guerra... Trabalhou em uma escola, levava e buscava as crianças em casa, uma família gostou tanto dela e viu o seu carinho com a filha deles que a convidaram para trabalhar de babá na casa deles, mas se sentiu muito humilhada e sozinha, só podia ficar nas dependências dos empregados, sem ir em casa...
Teve alguns namorados, mas a vigilância dos irmãos era grande... Chegou ficar noiva, mas por ele ser negro um dos irmãos fazia chacotas, piadas, e impediu o casamento... E este ex-noivo se casou em seguida com uma de suas amigas de rua...
Reencontrou o Edmar... Namoraram e tinham a mesma idade.
As outras jovens sempre de olho nele... O paqueravam na frente da namorada... Em 18 de Maio de 1960 se casaram aos vinte anos de idade... Não teve fotos, apenas nas lembranças da Zuleica... Edmar, nasceu em Carangola-MG. No bairro da Turma, assim chamavam os funcionários da Rede Ferroviária, no dia 6 de Abril de 1940, filho do ferroviário, José Gomes e Ofélia, irmãos Olímpio, Oclaécio, Edmar, Creusa e Edgar...
Na esperança de uma vida melhor o Edmar veio para o Rio de Janeiro arrumar um trabalho, assim que conseguiu voltou para buscá-la. E foram morar na casa de uma tia em Vicente Carvalho a Emília irmã da sua mãe Ofélia e da tia Candoca.
Trabalhou em um bar como balconista, na Estrada Vicente de Carvalho, onde se mudaram para os fundos do bar numa casa alugada ...
Em quanto isso... Lá em Carangola, Minas Gerais a Lurdinha unica irmã fica doente de saudades, muita febre, desanimo, sem motivo aparente... Então o médico perguntou se havia morrido alguém muito querido dela ou viajado, se mudado. Falaram da Zuleica e do casamento, da mudança para o RIO DE JANEIRO...
O Médico indicou uma visita da irmã ajudaria na melhora dela... E sendo assim, minha avó escreveu uma carta contado os acontecimentos e logo o Edmar e Zuleica foram a Carangola ver a Lurdinha, minha mãe ainda lembra o dia da visita, o táxi chegando e a Lurdinha correndo para abraçá-la, muita alegria, beijos e emoções... Passados alguns dias a Lurdinha totalmente bem de saúde, chegou a hora de voltar e minha avó emprestou a filha caçula aos meus pais por alguns dias, mas foi ficando, ficando...
No dia quatro de Setembro de 1960 nasceu a LUCIMAR a primeira filha do casal... No Hospital Getúlio Vargas, bairro da Penha- RJ. Muito querida, faziam tudo com amor pela filha...
Zuleica com sua primeira filha a Lucimar.
Um dia tudo combinado com os vizinhos para irem ao circo em Niterói. A Lucimar com um ano e três meses de vida passou mal, febre e vômito, então cancelaram o passeio, e assim, se livraram de um grave e terrível incêndio no circo...
Incêndio do circo em Niterói (1961)
O incêndio do Gran Circus Norte-Americano, uma semana antes do Natal de 1961, deixou cerca de 500 mortos e 120 mutilados. Foi a maior tragédia que Niterói já viveu e causou comoção no mundo inteiro, com votos de pesar inclusive do Papa João XXIII. A cidade ficou traumatizada e só voltou a ver um circo 14 anos depois.
O Tempo foi passando e Zuleica engravidou de dois meninos de uma vez... Passou mal para ter os bebês e quem a levou foi o seu irmão Valdir, pois o Edmar estava trabalhando. Zuleica teve filhos gêmeos dois meninos, Edilucio e Edmilson... No dia dezoito de Fevereiro de 1962. No mesmo Hospital Getúlio Vargas no bairro da Penha - RJ... No dia da alta o pai trabalhando pediu a sua tia Emília para ir buscá-los, deu dinheiro para o táxi... Porém ela fez a Zuleica com os bebês voltarem de ônibus, para economizar pois agora eram três filhos ... Aff! Edmar sempre trabalhador, acordava às 5h, ainda escuro ... Para juntos ele e Zuleica sustentarem a família...
Edilucio. Um menino esperto, forte e corajoso, cresceu assim, resolvia sempre as confusões do irmão na rua, foi sempre mais alto e mais forte... Adorava conversar com gente mais velhas, ia observando e guardando tudo que ouvia... Estudou na Escola Municipal Pernambuco, fez vários cursos, começou a trabalhar cedo aos quatorze anos na fábrica de tecidos Nova América... Seu primeiro emprego...
Edmilson. Teve sarampo aos dois anos e oito meses em outubro de 1964 e perdeu a audição.
Quando o desanimo o abater por algum motivo, não se entregue, busque dentro de ti a coragem e siga em frente.
Lurdinha, Lucimar, Edilucio e Edmilson na casa da tia Zélia e tio Brandão...
No ano de 1962 sua mãe Leozina já estava muito doente, seus pais e irmãos haviam se mudado com ela para Volta Redonda, não gostou muito, teve um derrame e um lado do corpo ficou paralisado. Zuleica e a turma toda,viajavam sempre para cuidar da mãe... Nestas idas e vindas, chegou uma carta comunicado o falecimento, Zuleica ficou muito, muito triste, mas não queria ter visto sua mãezinha morrer, Deus a poupou disso, disse ela, no final do ano de 1962 aos 50 anos...
Logo depois seus irmãos menores de idade, vieram pra o Rio com sua irmã... Se mudaram para outra casa na rua Taturana no mesmo bairro, mais a situação ficou muito difícil e não puderam pagar o aluguel, e foram obrigados a sair desta casa...
Então o tio Brandão irmão de sua mãe e a tia Zélia, deram uma grande ajuda, os abrigou em sua casa na rua Domingo de Magalhães em Maria da Graça. Faziam assim com todos que precisassem de sua ajuda... Em retribuição todos ajudavam nas tarefas, entregas de quentinhas, vendas de frutas, Zuleica na costura, ajudando e aprendendo... Tinham idas a Igreja, orações, muita música e violão nas horas de festas... E Então mais uma gravidez, com isso foi decido uma mudança, o tio Brandão e a Tia Zélia tinham um barracão, literalmente de zinco, dois andares no morro do Jacarezinho, e para lá nos mudamos e seria provisório, a tia Zélia emprestou uma máquina de costura e assim minha mãe ajudava, pois eu já estava na barriga da minha mãe... MAS moramos lá por seis anos...
E então no dia primeiro de Agosto de 1964 eu nasci, era sábado início da noite, meu pai estava no cinema do bairro e minha mãe passou mal. Nossa vizinha a dona MANUELA foi té a porta do cinema gritou o nome dele... Assim, seu demar, seu demar, a diega tá passando már... Então ela o encontrou e ele nos levou de ônibus, onde quem dirigia era o sogro da prima Jeny, pai do Jair, senhor Renô, até o Méier e de lá pegamos um táxi... Até o Hospital Getúlio Vargas, no bairro da Penha- RJ... Quase nasci no elevador, e a cama onde minha mãe ia se deitar estava suja, ela pediu e esperou alguém limpar... Então nasci... Às 20h 15 da noite, carequinha e sebosa, tinha um grude na minha pele... Normal... Não tive foto de bebê... Só da infância. Mamei no peito até os três anos, já falava e minha mãe costurando eu pedia- Sai da máqui, quero mamar...
EU PEQUENA, ROSE.
Eu, mãe, primas e irmãos... Nesta foto estão a prima Míriam, Zuleica, primas Mahildes, Jeny, Martha e José Lemos, Eu, Edilucio, Edmilson, Laide...
Em 1971 nos mudamos para Maria da Graça, na Rua Conde de Azambuja, não lembro o número. Graças a muito esforço e coragem da minha mãe, pegou um empréstimo com a dona Mariquinha para um deposito de aluguel... Mas ali moramos por pouco tempo, em frente ao terreno baldio onde mais tarde seria o posto de gasolina IPIRANGA, depois BR, onde meu pai trabalhou até o fim da vida... Nesta época o meu pai trabalha na oficina MÓBIL do Jair da Jeny, na Rua Galileu... Sempre íamos passear em Volta Redonda para rever a família...
Nesta foto minha mãe, seu pai Joaquim, sua irmã Lurdinha, atrás o irmão Pedro Paulo, na frente eu, meu irmão atrás no meio,prima Marília, Sandra e uma vizinha...
Entrei para o jardim de infância aos 6 anos, no IEIC Instituto de Educação Imaculada Conceição. Professora tia Dima...
ROSIMAR E TIA DILMA.
" Corria atrás da felicidade como criança atrás do balão levado pelo vento. Nunca alcancei, mas aprendi a voar."
No final de 1971 nos mudamos para a Rua Professor Boscoli nº 51 fundos, em frente ao Maria da Graça Futebol Clube. Neste mesmo ano fomos a uma festa na Igreja Católica Nossa Senhora das Graças, e conhecemos uma professora que indagou se o Edmilson tinha problemas de audição e se ele estudava? A resposta sobre estudo foi não e auditivo sim... Então marcou uma visita ao colégio de surdos em Vila Isabel ao lado do antigo jardim zoológico, onde dava aula e lá ele estudou... Depois foi para o INES...
Ali tivemos muitas alegrias, tristezas e dificuldades, minha mãe costurava, lavava roupas pra fora, chegou a trabalhar para dezesseis famílias... Lavava as roupas do time de futebol do clube, costurava fantasias do bloco carnavalesco carinhoso...
Em 1973 nossos vizinhos Ruth e Paulinho, iam se mudar e quiseram adotar, levar minha irmã Lucimar, que queria muito ir, mas minha mãe não concordou e assim a Lucimar guarda esta mágoa até hoje, acha que nasceu na família errada...
Depois chegou o Paulinho namorado da Lurdinha, que era manicure, estudou no IEIC e no Colégio Coração de Maria no Méier... Lucimar estudou na escola Municipal Pernambuco e depois formou-se professora no IEIC... Elas ajudavam muito a minha mãe nas roupas, lavando e passando...
Em Março de 1974 a Lucimar conheceu o Robson e começaram a namorar...Se casaram e nasceu RHUANA se casou com Jorge Luiz...