Nunca consegui entender o porquê das pessoas quererem domesticar passarinhos. elas os colocam em gaiolas, dão água e comida e acham que isso é suficiente para provar que os amam. na minha cabeça, sempre foi simples: se tem asas, se quer voar, se pode voar, então não nasceu para ficar preso. e não importa o quanto você me presenteie materialmente. se me prende a ti contra a minha vontade, não é amor, é brutalidade.
e no final, nós somos os considerados selvagens. por lutarmos pelo que é nosso por direito, por querermos nos livrar das amarras, por fugirmos quando, sem querer, deixam uma brecha. entenda: não se pode adestrar ninguém a ficar a sua disposição. passarinhos não deveriam ser tua válvula de escape da sua própria escuridão. pessoas também não.
tua frieza com relação às minhas vontades, assusta. então eu canto em prantos, que é para tentar me lembrar de quem sou. e as notas mais altas são para tentar manter a sanidade que me restou. se não queria me ouvir, por que me encarcerou? se minha voz é a única coisa que me sobrou. se tu soubesse quantos de nós já corremos no chão em brasa, descalços, desejaria que nós voássemos cada vez mais alto.
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