A ALEGRIA INVADIU MINHA ALMA

A ALEGRIA INVADIU MINHA ALMA
Big Meu Lindo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ZULEICA: CARTA PARA MINHA MÃE

CARTA PARA MINHA MÃE
Depois que você se foi...
Minha mãe me ofereceu o seu melhor para mim durante toda sua vida, e eu quis  retribuir tudo isso, ainda que ela não compreenda quase nada dessa história sem sentido. Como uma pessoa boa, solidária, amorosa termina seus dias assim...
Quis oferecer a melhor parte de mim, mas como reconhecer essa melhor parte, se estou exaurida, com medo da vida, com raiva dessa Justiça Divina que parece me punir não sei por que ou sei bem.
Onde eu poderia encontrar minha melhor parte, se não consigo sequer, me reconhecer nesses gestos mecânicos, nessas frases desconexas que crio para responder aos delírios de minha mãe; seus gritos, seus gemidos, sem falar ficou pior, sem saber ao certo, o que farei com tudo isso, depois?
... Depois? O que me espera, me assusta tanto quanto este momento.
Alguns tentam me consolar dizendo que preciso cuidar do jardim, para atrair borboletas, mas olho ao redor e não vejo nenhum jardim, só o angustiante cheiro de morte e loucura. Nenhuma borboleta se atreveria a pousar nesse meu mundo.
Todas as horas eram angustiantemente iguais; porem piorando a cada dia, mas eu pensava que  nada mudaria nesse cenário triste, onde a alegria e a esperança já não conseguem encontrar frestas nas paredes do meu coração.
Como mudar isso tudo, se não tenho nada que me mova em direção a mim mesma? Só consigo ficar acordada e meu pensar é em direção a minha mãe, só consigo ouvir os gritos e os gemidos de medo; vi e sem poder ajudar, minha irmã perder as forças e paciência  para carregar esse corpo frágil e eu não consigo mover um dedo da minha mão, para acariciar seu rosto cansado.
Na hora de trocar minhas roupas de cama me deitavam ao seu lado e você me segurava com sua força para eu não cair da cama, hora boa sentir você ainda viva do meu lado.
Sinto muito  a sua falta, se possível fosse continuaria acordada todas as noites vigiando você. A Vida te levou de mim...



Nenhum comentário:

Postar um comentário