Pés descalços, pernas cansadas, acompanhando o cansaço da alma, olhar que vagueia procurando ser preenchido por algo naquela imensidão do nada.
Mãos vazias, braços frios, corpo entregue à espera do incerto.
Perdidos em ser, sentir ou estar, mas mesmo assim parece haver esperança.
Esperança de pés calçados, pernas e alma alinhadas, olhar repleto de algo, mãos preenchidas, corpo que acolhe e pode ser acolhido.
Enquanto alguns se deliciam no preenchimento demasiado do corpo e da alma, vangloriando-se do seu alto nível de sucesso, outros ainda esperam alcançar o primeiro degrau.
Em alguns momentos chegam alguns para mostrar-lhes esse degrau, chegam para alimentar a esperança que às vezes parece perder-se junto com eles naquela imensidão vazia, mas esses que os alimentam são os mesmos que logo os deixam famintos, porque esse alimento em forma de esperança dura apenas alguns meses , dura o suficiente para que a troca dessa esperança por algo melhor, o outro posso usá-la para alcançar não o primeiro degrau mas o topo!
Talvez nós não possamos fazer nada para alimentá-los, talvez não possamos acolhê-los, mas certamente podemos fazer o bom uso da nossa consciência e da nossa razão, para escolher quem deverá estar nesse topo.
Talvez ele ou ela como tantos outros não façam nada, mas pelo menos não seremos uns dos responsáveis em tirar esperança de algo melhor para essas famílias, para o país, em troca de coisas fúteis. No fundo a escolha é nossa, a escolha é tua!
Votar... Votar um verbo simples mas que tem uma simbologia, responsabilidade e peso que poucos tem a noção, é sempre bom reflectir sobre esse peso na sociedade, no nosso dia-a-dia... Somos aquilo que escolhemos para nós!
Joana Miranda (Ciganinha)
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