Apesar de uma moratória estar proibindo o desmatamento desde 2011 em partes da Indonésia, os números da devastação das florestas no país não param de subir. De acordo com umestudo conduzido por Belinda Arunarwati Margono, que trabalhou no Ministério de Florestas da Indonésia por sete anos, apenas em 2012 foram destruídos 8,4 mil quilômetros quadrados, quase o dobro dos 4,6 mil km2 perdidos na Amazônia brasileira no mesmo período.
Além disso, entre 2000 e 2012, a Indonésia desmatou 60 mil km2 de florestas, o equivalente ao território da Irlanda. Para piorar, destaca o trabalho, a taxa de desmatamento foi aumentando nesses doze anos, ao contrário do nível na Amazônia brasileira, que foi caindo. Entre 2000 e 2005, 310 mil hectares eram destruídos anualmente, já entre 2006 e 2010 foram mais de 690 mil hectares.
Para chegar a esses dados, os pesquisadores compararam números do governo da Indonésia, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e do PRODES brasileiro.
“Pensar que a Indonésia está perdendo mais florestas em números absolutos do que o Brasil é assustador. O território brasileiro possui uma área florestal muito maior do que o da Indonésia”, disse Matthew Hansen, da Universidade de Maryland, e coautor do trabalho.
O estudo, publicado no periódico Nature Climate Change, aponta ainda que pelo menos 40% do desmatamento ocorreu nas regiões cobertas pela moratória. “Aparentemente, a lei não está tendo o efeito desejado”, afirmam os autores.
Os resultados apresentados por Belinda são muito diferentes dos dados oficiais divulgados pelo governo da Indonésia.
“Essa disparidade se dá por razões de metodologia. O governo considera plantações industriais como sendo cobertura florestal e não acompanha o desmatamento quando é feito em áreas que não são oficialmente registradas como florestas públicas, o que deixa de fora quase 30% do país”, disse a pesquisadora.
O crescente desmatamento também está resultando no aumento das emissões de gases do efeito estufa da Indonésia. Atualmente, o país ocupa o posto de terceiro maior emissor do planeta, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
As florestas na Indonésia costumam ser cortadas e depois queimadas, o que libera para a atmosfera, além do carbono armazenado nas árvores, o metano encontrado no rico solo formado por camadas e mais camadas de matéria orgânica decomposta.
Segundo Belinda, frear o desmatamento será muito difícil, já que a economia da Indonésia está cada vez mais dependente da exportação do óleo de palma, que é utilizado pela indústria de alimentos de todo o mundo. A expansão das plantações de palma é o grande motor da destruição florestal no país.
“O mais provável é que a destruição continuará. Levará muito tempo até que a pressão interna e externa faça com que a Indonésia melhore a governança de suas florestas”, concluiu a pesquisadora.
Citação: Belinda Arunarwati Margono, Peter V. Potapov, Svetlana Turubanova, Fred Stolle and Matthew C. Hansen.Primary forest cover loss in Indonesia over 2000–2012 | DOI: 10.1038/NCLIMATE2277
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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